segunda-feira, 4 de junho de 2012

Redescobrindo Maria Blanchard

De 23 junho - 23 setembro de 2012.

Este ano, Maria Blanchard (Santander, 1881 - Paris, 1932) protagonizará duas grandes exposições. A primeira na Fundación Botín de Santander e a segunda no Museu Reina Sofia em Madrid. Uma vai se concentrar no período cubista da artista espanhola que viveu a pintura com todas as suas incertezas e convicções e se tornaria uma das grandes figuras da vanguarda. A que o MNCARS  irá sediar será uma antologia de sua carreira.




Nascida no mesmo ano que Picasso, Gargallo e Diaz Vazquez, Blanchard pertenceu a uma geração de artistas cujo reconhecimento nunca foi igual ao seu. Era e segue sendo ainda hoje, 80 anos após sua morte, a grande desconhecida do grupo de artistas, que consolidaram a renovação artística do início do século XX.




Apesar do tempo decorrido, uma série de eventos alheios à sua evolução artística fizeram que a sua vida fosse contada com grandes lacunas e enormes contradições e seu trabalho ficou em segundo plano em relação aos seus colegas e amigos da vanguarda, o que certamente a igualaram e, em alguns casos superaram.



Estas duas mostras tentarão valorizar a contribuição de uma mulher entregue na totalidade à arte durante os primeiros anos do século XX,  que seus amigos, grandes artistas, a reconheceram, como sendo outra grande.




A proposta da exposição que será apresentada no salão da Fundação Botin, em meados de Junho, irá se concentrar em seu trabalho cubista, (1913-1919),  sendo esta a primeira mostra de caráter científico que se realiza sobre este período. Contará com empréstimos internacionais, grande parte nunca mostrados na Espanha, e alguns inéditos. Também é a primeira vez que se incluem desenhos.



No total, a exposição irá mostrar 50 obras do período cubista, 20 a mais do que podem ser vistas em Madrid, o que permitirá descobrir em toda a sua magnitude a importância desta fase de sua trajetória artística. A artista entra com paixão no movimento.





Sua obra mostra uma clara evolução. Desde um cubismo no início em que ela executa obras simples, com elementos figurativos facilmente identificáveis, que representa mediante formas geométricas em planos sobrepostos, evoluindo para um cubismo mais sintético, em composições nas quais reduz a temática a elementos essenciais, expressados por planos expostos a partir de perspectivas diferentes.




Blanchard concebe uma obra muito pessoal na sua paleta, em sua construção, em seus temas. Mas acima de tudo é a sua liberdade de criação. Trabalhar com rigor, com sinceridade, com sentimento, mas sobretudo com liberdade. Se trata, portanto de uma cubista muito pessoal que se distingue pelo seu rigor formal sua austeridade, e domínio da cor.




Com essas obras não só alcançará o sucesso, mas também o reconhecimento de marchands, críticos e artistas. Não chega a criar escola, mas contribui para o desenvolvimento do movimento, com a mesma categoria e entidade que os demais artistas de sua geração.




Maria encontra na prática do cubismo um caminho de expressão que lhe permite mostrar, artisticamente, ao menos, está a altura dos melhores pintores da vanguarda. Não só realiza algumas de suas melhores composições, mas também compartilha experiências com seus amigos Diego Rivera, Jacques Lipchtiz, Juan Gris e André Lhote, para citar o mais próximos.




É muito significativo que os artistas desse porte a aceitaram em seu grupo sem a menor hesitação, chegando até  a compartilhar o atelier com Rivera e Gris, viajando juntos na Europa por longos períodos e participando de encontros artísticos em Paris. Lembre-se, mais uma vez, que é uma artista mulher num mundo criativo dominado por homens.


Blanchard viveu uma época complexa, como artista e como mulher, o que a obrigou a duras renúncias, tanto sociais e materiais, para entregar-se totalmente à pintura. Do ponto de vista conceitual, a transferência de experiência vital, a dor e o sofrimento para os personagens retratados na tela traça um paralelo entre seu trabalho e o da mexicana Frida Kahlo.










Santander. Maria Blanchard. Cubista.  Fundación Botín.  
De 23 junho - 23 setembro de 2012. 

Madrid. Maria Blanchard. Retrospectiva. MNCARS - Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía. 
De 16 de outubro de 2012 a 25 de fevereiro de 2013. 
Curadora: Maria José Salazar.




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